domingo, 16 de janeiro de 2011

O chamado para uma revolução


Cremos que somos uma geração de libertadores, porque o nosso chamado se assemelha ao de Moisés. Ele também foi resposta de Deus ao clamor de uma nação de escravizados. Contudo, muito antes de tratar com os filhos de Israel, Deus teve que tratar com Moisés; e antes de ser usado Moisés teve que ser primeiro liberto daquela geração, de si mesmo, da opinião dos homens e da mentalidade natural.
Moisés viveu e foi formado na mentalidade egípcia, assim como nós na grega, mas houve um momento em sua vida, em que ele ouviu a voz de Deus chamando-o a libertar Israel, quando teve que romper de maneira absoluta com o Egito e suas estruturas, a fim de servir a Deus somente.
Ele abriu mão do “sucesso” desta vida. E foi justamente esta decisão – profunda e ousada – que afetou por completo toda a sua vida e a da nação de Israel. Foi sua atitude radical - de um homem radical com Deus - que mudou todo o curso da história do povo de Deus em sua época.
Moisés passou, mas o propósito de Deus persiste. Hoje o Egito é o mundo e tudo o que ele nos oferece é um “palácio”. Entretanto, para nós que cremos no Senhor, tudo é vaidade. Somente uma coisa importa aos radicais com Deus: o galardão vindouro. É necessário que tenhamos a convicção do Chamado e a disposição de abandonar os impedimentos, para atender a Deus.
Primeiro impedimento: A mentalidade (e os valores) deste Século
“O que pensamos quando estamos com liberdade para pensar sobre o queremos ser” é o que somos ou logo seremos. O pensamento instiga o sentimento, que dispara a ação. Se queremos agir corretamente, temos que pensar corretamente.
A imagem que temos de Deus determina o Deus que adoramos. O relacionamento com Deus exige de nós um espírito novo e uma mente nova. É aqui que a batalha se trava: a mente de Cristo versus a mente do mundo (Rm 12:1). Quem nasce de novo, tem um espírito novo e uma mente velha que precisa ser renovada. Esta é a guerra.
Se você tem tratado por comum o que Deus chama de santo, é tempo de arrependimento! Que “imagem” você tem do Deus a quem serve? O povo de Israel adorou um bezerro de ouro, porque era a imagem egípcia que tinham de Deus. Hoje também a nossa geração tem reduzido o Deus incorruptível, não a um bezerro, mas à imagem do homem corruptível.
Assim como Israel estava rodeado por uma sociedade que adorava animais e insetos, a igreja hoje está rodeada por uma cultura que adora o homem. Hoje somos “amiguinhos de Deus” e achamos que o que Deus quer é que “sejamos felizes”.
Há uma geração de filhos de Deus dentro da Igreja que, como o povo de Israel, embora libertos, têm carregado seus “bezerros de ouro” por causa de uma mentalidade mundana e presa ao passado. Uma geração que tem um espírito novo, mas uma mente velha e cheia de valores fúteis, desenvolvendo um relacionamento “sensual” com Deus - uma intimidade sem temor -, totalmente dependentes das emoções e sensações em seu relacionamento com o Deus que é o Senhor do Universo.
O rio cristalino que flui do coração de Deus em nossos cultos está sendo contaminado pelas águas impuras que escorrem dos altares de abominação de Eros. Cristo tem sido cortejado com uma familiaridade que revela total ignorância de quem Ele é por parte dos que O “adoram”.
Sei que estas são palavras duras, mas, como pastor, tenho que tomar a minha arma de guerra e defender as minhas ovelhas, ao invés de me ater em simples meditações de temas inspiradores, enquanto elas correm perigo de vida.
Segundo impedimento: O Cristianismo instantâneo
O “valor do instantâneo” tem produzido o “Cristianismo instantâneo”, que hoje serve aos mesmos propósitos da Religião: ignora o passado, garante o futuro e libera o crente para seguir as inclinações da sua carne com “boa consciência” e o mínimo de restrição.
Esse Cristianismo confunde milagres com mágica e desconsidera que o ato de fé em Cristo estabelece um relacionamento pessoal entre dois seres morais inteligentes - Deus e o homem reconciliados -, que não se estabelece senão em uma vida de andar juntos, dia após dia, numa caminhada bem longa.
Os adeptos desse conceito ignoram os efeitos santificadores dos sofrimentos, do carregar da cruz e da obediência prática; olvidam a necessidade de treinamento espiritual, de formar hábitos espirituais corretos e de lutar contra o mundo, o diabo e a carne. Livram-se da necessidade de vigiar, lutar e orar, e se consideram liberados para gozar deste mundo enquanto aguardam o outro.
Terceiro impedimento: O “deus Entretenimento”
A maneira como pensamos o mundo estabelece o nosso relacionamento com ele e afeta diretamente o nosso relacionamento com Deus. O mundo nunca mudou, mas como tem sido diferente a visão do crente hodierno com relação a ele, do que era a dos nossos pais na fé!
Os homens de Deus do passado concebiam o mundo como um campo de batalha. Acreditavam que o pecado, o diabo e o Inferno compunham uma força única; enquanto Deus, a justiça e o Céu eram a força contrária à deles. Que os dois poderes lutavam incessantemente na natureza humana, sendo a sua inimizade profunda, grave e irreconciliável.
Para eles, o crente tinha que escolher de que lado ficar. Não havia neutralidade. Era caso de vida ou morte - Céu ou Inferno; uma guerra mortal que duraria a vida inteira, mas que traria gozo e paz eterna ao vencedor, no fim da jornada cristã.
Hoje o fato é o mesmo dentro do Cristianismo, mas a sua interpretação mudou totalmente. Os homens não pensam mais no mundo como um campo de batalha, mas sim como um parque de diversões. “É certo que não morrerás...”, disse o diabo a Eva no Jardim. E hoje ele continua com a mesma estratégia: “Viva tranqüilo... Afinal, por que ser tão radical? Você não vai morrer agora mesmo...”.
Essa é a mentira milenar que tem prevalecido para nos impedir de nos preocuparmos com a urgência do cumprimento da vontade de Deus: que não estamos aqui para lutar ou sofrer, mas para nos divertir. Infelizmente, para muitos cristãos, esta não é uma terra estranha, mas um lar. Isso tem afetado a vida cristã conforme o padrão de Deus.
A mente por traz de tal conceito faz todo mundo “fazer de conta” que é crente, buscando uma vida feliz e sem problemas, pregando um Evangelho promocional, de um “Jesus-Papai-Noel” que nos enche de presentes para que nos sintamos motivados a segui-lO. O resultado disso é um povo “raso” e egoísta, que não conhece a Deus, que não é Igreja de verdade, e que deixa o diabo em paz para fazer o seu trabalho nesses dias do fim.
O desordenado apego atual a toda forma de entretenimento é prova de que a vida interior do homem está em sério declínio. O homem comum tornou-se um parasita no mundo, extraindo “vida” do seu ambiente, incapaz de viver um só dia sem o estímulo que a sociedade lhe fornece.
Os homens estudam e se esforçam para ter um excelente emprego, para ganhar muito dinheiro, com o único fim de poderem se divertir bastante. Ter prazer é algo saudável, desde que o entretenimento seja usado com discrição, como forma de relaxamento e descanso. Mas a grande questão é que o entretenimento hoje está sendo cultuado como um “deus”, contra quem no passado a Igreja lutou acirradamente, evitando ter sua atenção desviada da sua responsabilidade moral para com Deus e o Seu propósito. Mas o que vemos hoje? – A Igreja uniu-se a ele!
Em muitos lugares, o “entretenimento gospel” há muito tomou o lugar central nas igrejas, que se transformaram em verdadeiros teatros e palcos de espetáculos, para isso removendo do centro Aquele que é a essência da vida cristã – Jesus Cristo - e substituindo a adoração a Deus pela adoração ao homem e ao seu prazer.
É também por isso que somos pelas células. Nelas não há pregador famoso, nem grupo de louvor famoso, nem equipes de dança, nem qualquer outro atrativo “especial” que possa chamar a atenção do crente ou do visitante. Ali só há Cristo e só se firma quem quer Cristo e não atrações.
Você precisa avaliar sua vida à luz da Palavra de Deus e rejeitar todo tipo de envolvimento com o que quer que seja que disperse a sua atenção de seguir a Cristo Jesus, como Seu discípulo, custe o que custar.
Este mundo, definitivamente, não é um parque de diversões! Posicione-se, meu irmão! Hoje Deus está em busca de quem não corre atrás dos “grandes homens”, mas sim do grande Deus, que está edificando uma Igreja santa, pura, separada, comprometida, envolvida com o Seu propósito. Você está dentro ou fora desse padrão?
A imagem que temos de Deus precisa ser formada pela Palavra de Deus – a Bíblia Sagrada – e não pela nossa limitada e influenciada percepção espiritual. Nós não somos senhores de nada, mas Ele – o Deus Triúno - é o Senhor absoluto de tudo o que existe! Estamos aqui para serví-lO e fazê-lO feliz – e não o contrário (ainda que muitos gostariam que assim o fosse).
Moisés teve que tomar uma decisão difícil - de romper completa e profundamente com aquela geração e com seus valores. Ele teve, assim como Jesus, de ir ao deserto para experimentar o Deus da sarça. Teve que lutar com o diabo na experiência do cajado que se transformou em serpente. Teve que lutar com a carne na experiência da mão leprosa Teve que lutar com o mundo na experiência das águas que se tornaram em sangue.
Ele teve que aprender a depender de Deus, teve que ser liberto de si mesmo e do povo. Só então ele pôde ser usado como libertador daquela geração escravizada, a fim de estabelecer um lugar de adoração apropriado ao Senhor – um lugar de intimidade, onde a glória de Deus se manifestasse em sua própria face.
Moisés abandonou o lugar seguro e subiu sozinho no Sinai. Aprendeu a cultivar a solidão de um líder. Aprendeu a obedecer a fim de receber estratégias acertadas para conquistar as cidades da Promessa. Ele se reproduziu em Josué pelo muito que se dispôs e obedeceu primeiro.
Agora é a nossa vez! O bastão da corrida da fé já nos foi passado. A nossa geração geme, esperando pela manifestação dos filhos de Deus. O Espírito Santo geme, intercedendo pela manifestação da Igreja. E quanto a nós? Também não vamos gemer para que Deus Se manifeste em e através de nós, para libertar essa geração dos padrões mundanos, para, com a mente de Cristo, conquistar o padrão tão sonhado por Deus – de uma Igreja de vencedores?
É hora de tomarmos posição como um povo liberto do pecado, do mundo, da carne e do diabo, para sermos canais de libertação aos que, perdidos, caminham desgovernadamente em direção ao Lago de Fogo.

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